natureza do serviço social

A Natureza do Serviço Social – Perspectiva endogenista e histórico-crítica

Para compreender a natureza do Serviço Social, isto é, o sentido por trás da prática profissional, é necessário identificar e refletir criticamente sobre os processos constitutivos inerentes à profissão. Carlos Montaño (2015), em seu livro “A Natureza do Serviço Social“, buscou apresentar uma discussão sobre a natureza e surgimento do Serviço Social a partir de renomados teóricos de diferentes perspectivas. O texto apresentou duas teses: a endogenista e a histórico-crítica. Vejamos mais sobre elas abaixo!

Perspectiva endogenista

Considera que o surgimento da profissão tem sua gênese atrelada à filantropia e a caridade, não sendo atrelada às relações sociais. Ou seja, a evolução do Serviço Social se deu a partir dele mesmo, endógeno, unicamente pela intencionalidade dos filantropos no que diz respeito a especialização das atividades e ações de filantropia e caridade. Para os teóricos da perspectiva, isso significa que o Serviço Social seria desprendido da sociedade, através de uma clara visão particularista ou focalista.

Netto caracteriza as teses da perspectiva endogenista como ingênuas e acríticas; que entendem a história como a mera crônica dos fatos e sucessos, como historiografia, não havendo, portanto, uma correlação de forças na sociedade. A história é construída sem recuperar a processualidade histórica, num claro etapismo (os acontecimentos históricos organizados em etapas – sem reflexão crítica). O que ocasiona um viés meramente descritivo.

A perspectiva endogenista ignora as relações sociais e os rebatimentos externos sobre a profissão, como, por exemplo, o direcionamento político e social da sociedade, o sistema político, o desenvolvimentismo, dentre outros.

Autores desta tese: Herman Kruse, Ezequiel Ander- Egg, Natálio Kisnerman, Boris Alexis Lima, Ana Augusta de Almeida, Balbina Ottoni Vieira, José Lucena Dantas, entre outros

Perspectiva histórico-crítica

Para os teóricos da perspectiva histórico-crítica, o Serviço Social surge no Capitalismo Monopolista. Num contexto de aumento da pobreza, e consequente hipertrofia da questão social. Logo, o Estado necessitou intervir nessas demandas através de políticas sociais, e o Serviço Social surge a partir da necessidade de uma profissão para atuar dando respostas às expressões da questão social. Ou seja, a profissão é entendida como um produto histórico.

O surgimento da profissão para a perspectiva histórico-crítica é entendida como um produto da síntese dos projetos político-econômicos que operam no desenvolvimento histórico, onde se reproduz material e ideologicamente a fração de classe hegemônica, quando no contexto do capitalismo na sua idade monopolista, o Estado toma para si as respostas à “questão social” (MONTAÑO, 2015, p. 30).

Autores deste tese: Marialda Iamamoto, José Paulo Netto, Vicente Faleiros, Maria Lúcia Martinelli, Manuel Manrique de Castro.

Cabe ainda destacar que, segundo Montaño (2015), as duas teses são opostas e que tratam da gênese do Serviço Social, de maneira que aparecem como alternativas e são reciprocamente excludentes.

MONTANO, Carlos. A natureza do Serviço Social. 2. ed. São Paulo: Cortez,. 2015.

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