Neste post iremos explorar a conexão entre a atuação profissional do assistente social, o projeto ético-político e a lógica da ordem burguesa. Faz sentido termos um projeto ético político? Por que a prática profissional do assistente social tem que ser transformadora?
O Serviço Social tem um projeto profissional expressamente transformador, com isso temos um conjunto de princípios e valores que orientam a prática profissional dos assistentes sociais. Assim, a categoria profissional é norteada por um projeto ético-político.
O objeto de intervenção profissional do Serviço Social é a questão social que traz “efeitos colaterais” do modo de produção capitalista, nos termos da concepção mais propagada de questão social:
A Questão Social é apreendida como um conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.
Iamamoto em O Serviço Social na contemporaneidade.
Assim, o projeto ético-político do Serviço Social é incompatível com a ordem burguesa. Isso é explicado pela contradição entre a apropriação privada da produção coletiva, pelo fato de que a reprodução do capital é geradora de pobreza. Ou seja, a riqueza de alguns é proporcionada pelo empobrecimento de outros.
Cabe ressaltar ainda que existe um dilema no interior da relação entre a ordem burguesa e a garantia de direitos: a democracia sob a ótica burguesa proporciona direitos sociais, políticos, civis etc. mas, ao mesmo tempo, impõe limites para a cidadania.
Iamamoto em “Serviço Social na Cena Contemporânea” afirma que:
A contradição entre cidadania e classe social: a condição de classe cria déficits e privilégios, que criam obstáculos para que todos possam participar, igualitariamente, da apropriação de riquezas espirituais e materiais, socialmente criadas.
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão(Relações Sociais e Serviço Social no Brasil).
O trabalho profissional cotidiano passa a ser conduzido, segundo os dilemas universais relativos à refundação do Estado e sua progressiva absorção pela sociedade civil – o que se encontra na raiz da construção da esfera pública –; à produção e distribuição mais equitativa da riqueza; à luta pela ultrapassagem das desigualdades pela afirmação e concretização dos direitos e da democracia.
Resumindo: não se apaga fogo com gasolina!
Professor universitário. Doutorando em Políticas Públicas. Mestre em Sociologia. Especialista em Gestão Pública Municipal. Especialista em Direito Previdenciário. Bacharel em Serviço Social e em Administração.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5220780303947208
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