Serviço Social vale a pena?

Muitos estudantes e profissionais buscam refletir antes, durante ou depois da graduação sobre o Serviço Social valer a pena. Apresento a minha opinião, que não reflete a do Portal do Serviço Social.

O Serviço Social teve sua “década de ouro” nos anos 2000, muitos postos de trabalho foram criados. Entretanto, já no término dos anos 2000 observamos um saturamento de profissionais no mercado. Isso se deve, principalmente, a três motivos:

a) O Estado, grande requisitor do trabalho de assistentes sociais, não expandiu o número de postos de trabalhos de modo que consiga atender a demanda dos impactos das expressões da questão social no Brasil. Inclusive, é nítida a diminuição orçamentária para políticas sociais.

b) A grande quantidade de faculdades de Serviço Social. Quase toda faculdade tem um curso de Bacharelado em Serviço Social, pois é econômico para mantê-lo (não tem laboratório, livros baratos etc.). Mas, imagine 20-40 assistentes sociais se formando numa faculdade a cada semestre num município pequeno… Agora multiplique pelo número de faculdades de seu município… A conta não bate, não caberá todo mundo lá!

c) Uma grande expansão do Ensino Superior, de modo geral, sem o mercado acompanhar (ou seja, não é só o Serviço Social que sofre com escassez de vagas.).

Com isso, muita gente que termina a gradução não consegue se inserir como assistente social, ou demora bastante para conseguir sua primeira experiência profissional. Então, a saída é buscar uma residência profissional ou mestrado… Viver de bolsa ou trabalhar com outra (s) coisa (s), precarizar-se para fazer dinheiro. Que é muito importante.

Agora buscarei responder, Serviço Social vale a pena? A meu ver, depende do objetivo de quem está fazendo. Alguns pessoas simplesmente não vão se indentificar, creio que todo mundo deveria ler o Código de Ética antes de fazer vestibular, outras vão amar a profissão, já outras vão amadurecer muito, mas ficar um tanto frustradas. Trata-se de uma área com muitos campos de atuação, em diferentes políticas, e com 2 que estão em pleno crescimento: a de educação, que teve contratação de 1555 profissionais no Rio de Janeiro, por exemplo. E a do sociojurídico, que está em plena expansão por conta da necessidade do Serviço Social no judiciário e do fato deste não pode exigir que a assistência social faça os serviços que deveriam ser realizados pelo judiciário.

Não acredito que o Serviço Social seja “um navio afundando”. Lembremos que a situação econômica do Brasil está bem delicada. Sofremos com a alta da inflação e com as tomadas de decisões da classe política que nos desfavorecem enquanto classe e enquanto profissão. Logo, o contexto sociopolítico e econômica rebate tanto no Serviço Social quanto em outras profissões.

Ainda assim, é possível viver bem com o Serviço Social, mas é preciso ter objetivos e planejamento. É necessário incorporar as novas tendências, como o uso de tecnologias de informação, e fazer uso, para o amadurecimento profissional (agregar valor ao seu “eu profissional” e para contribuir com as outras pessoas. É necessário sabermos fazer investimentos, gastar o nosso tempo de um modo inteligente, ter uma educação financeira…

Sim! Vemos durante a graduação as contradições do modo de produção capitalista, entendemos que para alcançar uma sociedade ideal é necessário superá-lo. Entretanto, não temos expertize em “viver bem” na sociedade capitalista antes que essa superação aconteça. O lucro, por muitas vezes, é demonizado. Sim, sei que a sociedade capitalista é injusta e que sua superação é um dos objetivos do Serviço Social enquanto categoria profissional, mas precisamos incorporar tendências para ganhar dinheiro para viver bem. É preciso lutar por melhorias no sistema, mas é preciso lutar para viver bem por uma questão de Saúde Mental.

Enfim… É um artigo de opinião que fiz com base em minha experiência, diálogos com amigos e colegas que cursaram Serviço Social, além de participantes de nossa comunidade.

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